A arte de ensinar e interpretar em libras.

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Interpretação para Revista Criativa

07/08/2005

Amor sem limites

No Brasil, há 24,5 milhões de deficientes. O que acontece quando eles se apaixonam, namoram ou casam com um não-deficiente?

Texto: Paloma Cotes

Quando viu a professora infantil Sylvia Lia Grespan Neves pela primeira vez, numa palestra em 2001, o professor de educação física Maurício Rodrigues logo se apaixonou - e decidiu levar aquela linda mulher para um lugar romântico. 'Escolhi um barzinho com música, bem fechado e escurinho. Achei que estava arrasando', lembra. Mas não estava. No escurinho, Sylvia, 37 anos, surda desde que nasceu, nem sequer conseguia ler os lábios do pretendente. 'Deficientes auditivos não gostam de lugares escuros e barulhentos. Como o Maurício não sabia nada de língua de sinais, nos falamos por bilhetes. Os garçons cansaram de trazer e recolher papéis', diz ela, contando sua história à CRIATIVA com a ajuda de Rafaela Sessenta, intérprete de libras (língua brasileira de sinais). 'Minha cabeça e meus olhos doíam, mas resolvi ficar com ele até o fim da noite. Achei que valia a pena.' Valeu: os dois moram juntos desde maio do ano passado.

Como Sylvia, existem em todo o planeta cerca de 500 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que 80% delas, segundo a Organização das Nações Unidas, vivem em países em desenvolvimento, como o Brasil. Por aqui, são 24,5 milhões de brasileiros deficientes, ou 14,5% da população, segundo dados do Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (veja os tipos no quadro 'A deficiência em números'). Também como Sylvia, muitos namoram ou se casam com não-deficientes, quebrando estigmas e vencendo barreiras. 'A inclusão dos deficientes passa pela escola, pelo mercado de trabalho e também pelo campo da afetividade', afirma o psicoterapeuta Fabiano Puhlmann, paraplégico desde os 18 anos, casado com uma não-deficiente.

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